sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Planejamento Estratégico

Segundo pesquisas do Sebrae e Endeavor, 95% das novas empresas, no Brasil, fecham suas portas antes de cinco anos; 73% fecham em menos de 3 anos; e 45% vão à falência porque falta competência em gestão, marketing e vendas. Falta Planejamento!

As principais lideranças precisam estar envolvidas Presidente da Organização, Secretário de Saúde, Superintendentes, Coordenadores, Diretores de Hospitais e Diretores Administrativos, pessoas ligadas as diretrizes da organização. É preciso ter um olhar especial para este mercado de saúde, entender todos os envolvidos, fornecedores, operadoras, e principalmente o cliente, paciente, população.

Dentro do planejamento, a organização precisa entender primeiramente quem ela é dentro do contexto, qual sua contribuição, quais são seus objetivos, o que ela quer fazer e principalmente, onde quer chegar. A declaração de visão, missão e estratégia permeia a imaginação destes que impulsionam a organização, mas devem sem dúvidas é motivar e inspirar os colaboradores.

A identidade da organização e seus objetivos esbarram nas deficiências operacionais, forma de trabalho, organograma distorcido em relação aos níveis de liderança. Perceber onde melhorar, onde já é boa e quais são as lacunas fazem com que a organização exercite a matriz SWOT, elencando ponto fortes, ameaças, fraquezas ou deficiências e oportunidades seja de melhoria ou de mercado.

Seguindo Norton e Kaplan, papas em planejamento estratégico, a visão do balanced-score card, indica ações, métricas e metas, sob os eixos: financeiro, clientes, processos e apredizado. Podemos usar esta visão para a saúde pública, orientando o financeiro para captação de recursos, redução de custos e otimização dos serviços com prestadores.

O cliente interno e principalmente o cliente externo devem ser colocados em primeiro plano ou o motivo pelo qual gerimos saúde, vislumbrando a melhoria do atendimento, ampliação dos serviços e satisfação da população. Os processos, os processos..., que processos? O mapeamento de processos geralmente não é feito, não se identificam e não fazem muito sentido, a menos que já haja um movimento por qualidade na gestão, acreditações ou outros modelos que incentivam estas ações.

O crescimento organizacional, através do aprendizado, ou seja, investir nos colaboradores, para que estes sim, implementem toda a política de planejamento estratégico, essa é a parte que geralmente é esquecida. É neste momento que vemos empresas serem contratadas para realizar as funções destes que são esquecidos. O incentivo e a motivação da base da pirâmide organizacional deve ser sempre a ação mais trabalhada pela diretoria da organização. Definir metas aceitáveis, sempre que possível negociada, e estimular o melhor desempenho, trará sempre o maior retorno.

Neste longo processo cultural, este mapa estratégico, deve permear toda a organização, todos devem ser envolvidos e sem dúvidas as metas definidas serem acompanhadas periodicamente para avaliação dos processos e melhorias obtidas.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Desafios para Regulação em Saúde

Nesta última sexta-feira, 14 de agosto tive o privilégio de apresentar palestra sobre regulação dos serviços de saúde, na VIII CMIG – Congresso Médico da Ilha do Governador, o convite feito por Dr. Rômulo Capelo, presidente da SOMEI, foi de pronto aceito tal qual o convite anterior de 2007, quando também apresentei palestra sobre Prontuário Eletrônico de Pacientes.

Na noite anterior, fomos agraciados durante a abertura solene do congresso com palestra do meu antigo professor de pós-graduação, Dr. Paulo Goskes, que falou sobre qualidade nas instituições e serviços de saúde. Sempre muito bem humorado, mostrou com a mesma clareza de sempre, a importância das ações de qualidade, ferramentas e benefícios esperados a partir de uma postura pró-ativa.

Demonstrou a importância da satisfação do cliente interno e externo, fechando sua apresentação com a celebre frase “Foi bom pra você?”. Parabéns ao amigo Paulo.

Na agradável manhã da Ilha do Governador, com uma platéia formada por profissionais de saúde, estudantes e representantes das várias associações médicas de bairro entre outros apresentei o tema, abordando o sentido da regulação em saúde sob a visão pública e sob a visão privada.

Para o contexto público, demonstrei que a opção por Regulação em Saúde cria instrumentos de gerenciamento e principalmente facilita o acesso aos serviços, anteriormente restritos ou “gerenciados” pelos prestadores. Preconizado pelo Ministério da Saúde, no Pacto pela Saúde e pela Vida, a regulação atenua as diferenças entre “quem tem conhecimento ou pistolão”, e quem não tem.

Usei casos reais de implantação de centrais de regulação, as formas de uso da tecnologia para permitir centrais presenciais, telefônicas 0800 e até mesmo regulação distribuídas entre os tomadores de serviços e prestadores.

A visão da regulação na saúde suplementar, focado na ANS como principal regulador e “legislador”, foi mais direta, uma vez que esta é a função da agência, criar mecanismos para enfrentar forças de interesses muitas vezes discordantes.

A palestra ficou ainda melhor ao seu final com a participação de várias pessoas da platéia, proferindo casos e experiências, questionando as funções da regulação atual, em seu modelo ainda problemático e com poucos recursos.

Ainda neste contexto falamos sobre a “judicialização da saúde” e a interferência nas políticas públicas, onde tem prevalecido o mandado de prisão e não a regulação. Este será um outro fórum.

Parabéns a Sociedade Médica da Ilha do Governador.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Padrões em Saúde

Na última quinta-feira assisti ao workshop sobre padrões em saúde promovido pela SBIS-RJ. As palestras foram conduzidas por representantes da ANS, Instituto HL7 Brasil e UERJ.

Os temas sobre saúde suplementar não poderiam ser outros, TISS e TUSS. Novamente a exposição sobre o TISS fomentou questões sobre a sua implantação, situações de divergências entre o que foi considerado como processo único a ser seguido e o que realmente acontece. Todas as colocações sobre este padrão ficaram infelizmente diluídas e escondidas sobre um cenário de interesses entre operadoras e prestadores, onde a ANS tem o papel de regular, legislar e se for o caso intervir.

O palestrante, Sr. Luiz Eduardo, apenas mencionou os padrões SOA, Web Services e XML, para uma platéia dividida entre gestores e técnicos de TI. Sua palestra ficou no âmbito dos gestores, palestra que todos já vimos e que vale ressaltar, já vemos a pelo menos 2 anos seja através do Sr. Luiz Eduardo ou através da Dra. Jussara Freire.

Meu pensamento está em levar de uma forma mais “light”, afinal de contas o padrão já está em uso, estas apresentações e que neste tipo de fórum técnico já não tem mais sentido. Uma demonstração técnica de uso e implementação dos Web Services cairia bem, dificuldades e êxitos teriam um papel melhor, considerando ainda o discurso do Sr. Luiz Eduardo sobre o espanto em ver estes padrões técnicos não serem adotados pelo mercado com tanta agilidade como a ANS gostaria.

Sobre o TUSS, as dúvidas ainda persistem. A Dra. Patrícia da ANS apresentou o TUSS e conceitos de terminologias, semânticas e outras ligadas à lingüística; enfatizando a forma como o TUSS fora gerado.

Neste contexto conturbado, onde Dra. Patrícia informou que a AMB está revisando a tabela, a dúvida cresce ainda mais. Trata-se a TUSS de uma tabela de procedimentos como sempre trabalhamos, ou apenas de uma tabela de TERMINOLOGIAS, onde cada operadora deve referenciar a sua tabela a TUSS?

No dia-a-dia percebemos que será apenas mais uma tabela de procedimentos, “única”, entre aspas sim, pois ainda não contempla todos os procedimentos que são realizados e por isso estamos correndo atrás de correlacionar nossas tabelas a TUSS e não usá-la como primeira opção. Muita água está por vir.

O Dr. Marivan falou sobre padrões de forma ampla e deixou para falar de HL7 no final. A grande novidade foi a informação das datas do encontro do Working Group sobre EHR no próximo ano aqui no Brasil – Rio de Janeiro, 22 e 23 de maio de 2010 – no Hotel Windsor.

Já o Dr. Sérgio Freire abordou o trabalho da ABNT junto ao TC-215, para padrão em informática em saúde, demonstrou onde buscar, usar e participar do grupo. Lamentou a meu ver, que os padrões desenvolvidos gratuitamente, de forma voluntária sejam vendidos pela ABNT após sua publicação oficial.

Dr. Sérgio também falou sobre o OpenEHR e sua aplicação nos sistemas de informação em saúde. A impressão que tive foi que a platéia realmente desconhecia este padrão e que se tratava de coisa de outro mundo. Muito pelo contrário este já é um padrão bastante utilizado e os conceitos são realmente trazem novas visões para implementação. Vale a pena.

Foram excelentes apresentações e os debates ao final foram esclarecedores, visões como a do Dr. Marivan sobre a renegociação entre operadoras e prestadores a partir do entendimento da TUSS, foi inovadora. A visão de custos agora será diferente e o aspecto financeiro, como não deixaria de ser, será revisto.

Os representantes da ANS, novamente solicitaram que divergências entre o combinado e o realizado seja notificado formalmente a Agencia, e esclareceram as datas e prazos de implantação da TUSS.

Por fim, parabéns a organização da SBIS-RJ pelo evento, demonstrando que apesar de pequenos em relação ao Estado de São Paulo, também podemos contribuir e fomentar a sociedade que trabalha com informática em saúde para debater ferramentas, novas abordagens e traçar novos horizontes.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Gerenciamento de Projetos e Saúde

Nos últimos anos tenho estudado as práticas de gerenciamento de projetos e aplicado em meus projetos ligados a saúde. Tenho conseguido bastante êxito na aplicação dos conceitos e tenho obtido bons resultados.

Na prática a fase de planejamento, envolvendo escopo, cronograma, custo e qualidade tem sido de grande aprendizado, principalmente no momento de discussão do projeto com os meus usuários. Pessoas envolvidas diretamente com gestão em saúde pública que desconhecem as práticas de GP. Sigo as orientações do PMBOK e tenho através das experiências práticas do dia-a-dia transmitido as vantagens da adoção deste conhecimento.

É impressionante perceber que as orientações mais básicas de “timing” de organização do projeto e o estudo das necessidades para dar o passo seguinte tornam-se verdadeiras batalhas, onde são criados fantasmas e barreiras quase intransponíveis. Para estes, considerando as organizações em que atuam, as dificuldades são imensas e nunca é possível conciliar a necessidade de recursos com o tempo de resposta dos outros setores, como compras por exemplo.

A falta de habilidade para gerir projetos de forma geral é muito grande, e fica mais latente na minha experiência diária junto à saúde. A iniciativa de promover o gerenciamento de projetos de forma isolada dentro das organizações trás grandes dificuldades, comunicação é a maior delas. A falta de uma estrutura de comunicação, ainda que por simples correio eletrônico, não é possível. As lacunas tecnológicas nestas instituições são enormes e a adoção de hábitos de leitura e resposta dentro de um prazo pré-estabelecido é quase uma súplica.

Na maioria das vezes o gerente do projeto é obrigado a ficar batendo de porta em porta. Por um lado, sabemos que a maior qualidade, ou maior habilidade pessoal do gerente do projeto está na comunicação, conhecer e ser conhecido, desenvolver cumplicidades e parceiros, assim realmente bater de porta em porta, apesar do desgaste acima do necessário é bom.

Por outro lado, na falta de uma equipe, que em geral é a realidade, as tarefas de gerenciamento do projeto em si e o acompanhamento dos stakeholders fica prejudicado. Havendo a necessidade ainda maior de esforço muitas vezes pessoal para cumprir as tarefas propostas.

Ainda não cheguei a falar das etapas de execução, controle e encerramento, e suas dificuldades, mas acreditem que o segmento saúde, seja pública ou privada, possui em sua essência um charme todo especial e um grande desafio. Indo um pouco mais próximo aos objetivos dos projetos, percebemos que o maior e mais importante stakeholder do projeto, na verdade é quase passivo. O cliente do plano de saúde ou a população atendida pelo SUS. Assim o desafio pelo sucesso do projeto, principalmente na oferta de um serviço de qualidade torna-se uma paixão sem limites.

sábado, 1 de agosto de 2009

Prontuário Eletrônico e Registro Eletrônico em Saúde

Considere as políticas de saúde e o uso das informações dos pacientes. Como são armazenadas, onde, quem as mantem, quais são as reais condições de privacidade destes dados? Neste contexto conturbado já contamos com questões legais e éticas em prol da manutenção da confidencialidade. Mas sempre existe o pensamento sobre como unifica-las, mante-las acessíveis para após o consentimento do paciente, permitir que os profissionais de saúde possuam todas as entradas necessárias para tomar suas decisões e promover assim a saúde do paciente. Voltamos então as questões e evoluções do PEP e do RES.

Quais conteúdos estas ferramentas devem possuir para de fato promover dados relevantes? Semanticamente são diferentes? Será que uma deve se restringir a um conjunto de informações e o outro ser mais amplo? A melhor forma de acesso aos dados realmente é mante-los na nuvem, na internet?
Todas estas questões, além de outras como, "Será que a qualidade da informação é boa?", "Será que estas ferramentas usam padrões para troca de informações? Usam as mesmas ontologias?

Pessoal, onde está o real equilíbrio nestas questões? Qual o custo, em vidas humanas, para considerarmos produtos de software capazes de responder a tais perguntas?

Atualmente os players do mercado brasileiro e os novos players do exterior percebem que a aplicação das tecnologias da informação e sistemas de saúde no Brasil possui grande potencial econômico e estão trabalhando com bastante ênfase em suas propostas de solução.

Quais seriam então os requisitos, critérios realmente mínimos que garantissem a qualidade destes produtos de forma a preservar a saúde dos pacientes? Mas que não somente atendessem a critérios técnicos da informática mas que proponham conteúdos clínicos.
A ideologia de cada ferramenta de software, pontos fortes e fracos devem ser criteriosamente avaliados para que os dados armazenados possam de fato contribuir para o paciente e não só para a instituição.